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ainda sem nome
“Era uma vez um grilo feliz, com patas, antenas, olhos e nariz”. Essa foi uma das primeiras músicas que aprendi a cantar no coral da escola. Quando subi no palco para uma apresentação pela primeira vez, eu devia ter uns 8 anos e estava muito concentrada e satisfeita. Não tinha a mínima ideia, mas aquele grupo seria a minha primeira experiência em comunidade.
A vivência escolar foi um tanto mais ampla, era o universo inteiro. O coral não. O coral era o grupo, o estranho desejado e rejeitado, o espelho, o avesso, o par. Tudo que compõe uma comunidade que, por princípio, se forma em torno de um interesse ou objetivo, gosto comum. Ali era cantar, mas o que eu aprendi foi mais do que isso. Aprendi a ouvir.
Décadas depois reeditei o senso de pertencimento ao me envolver com a comunidade interessada na humanização do parto. Mulheres, mães, bebês, profissionais, famílias diversas com uma causa única: o bem nascer, a reintegração do poder de escolha do corpo e da mulher. Senti-me mais uma vez parte de algo maior e que, realmente, cresceu muito. Minha felicidade hoje é ver tantos nascimentos respeitosos e não conhecer mais todos os envolvidos, que já foram apenas uma meia dúzia de seis da minha bolha. Axé!
Essa coisa de encontrar a própria tribo pode parecer restritiva, mas não é. Formar vínculos para caminharmos por essa vida louca é fundamental, é encontrar o seu melhor abraço no mundo. A cumplicidade, a troca, a expansão das nossas vivências e percepções são a base do nosso desenvolvimento psíquico e é tão somente nas relações, com a gente mesma e com o outro, que encontramos a verdadeira possibilidade de integração.
Hoje me sinto compondo uma nova comunidade, minha nova turma. Ela ainda não tem nome nem bandeira, mas tem o interesse comum de crescer. A gente quer aprender a ser a nossa melhor versão. Não aquela que não erra e, portanto, não age. Mas a que arrisca, arranha, chora e ri alto. A nossa MVP (Melhor Versão Possível) inclui respiro e quietude, angústia, medo e meditação. E inclui um caminho feito de escolha de liberdade e cuidado conosco, com o outro, com quem somos e onde estamos. Fé autoprofessada, benção de letras em canções e a celebração dos encontros de uma vida inteira, onde te convido para roda e agradeço por ser parte do rezo e do milagre.
Nossas orações são escritas à mão, no bloco de notas do celular ou num drive que corre o risco de se perder na nuvem. Mas não se aflija: há lugar melhor para o não-estar que o infinito? Entre certezas, levamos apenas as que podemos questionar, assentindo e corroborando com o mantra maior: tudo o que nóis têm é nóis. E nóis sou eu, você e a nossa comunhão.
Um beijo!
Dani Moraes
PS: Não era pra ser, mas a foto que ilustra essa newsletter pergunta: cadê os Yanomami???
SUSSUROS
📚 Tiago, o Austin Kleon brasileiro
Conheci o trabalho no Tiago no Instagram. Ele tem uma página chamada “Tira do Papel” - um convite auspicioso e provocativo que faz da sua linguagem simples e direta um trunfo no meio das complexidades sem fim do mundo. Assinei a Newsletter do Tiago e passei a receber insights e sugestões muito bacanas que têm como tema central a criatividade. Por lá, ele nos instiga a pensar em como nós, pessoas que precisam criar (quem não precisa?), lidamos com nossos processos, necessidades e bloqueios.
Pra mim, o Tiago é o Austin Kleon (autor de “Roube como um Artista”) brasileiro. Ele mostra que é simples cultivar a potência criativa e faz dessa simplicidade um convite democrático e essencial para o movimento. Porque é tão somente isso: pra criar a gente não precisa de NADA, só atitude.
🎥 DANIFLIX INDICA: Heartstopper (Netflix)
A série mais delicinha do momento capotou o meu coração. Heartstopper conta uma história de amor LGBTQIAPN+ adolescente e está disponível pela Netflix. Curtinha, com apenas 8 episódios de cerca de 30 minutos, é daquelas que a gente tem vontade de maratonar, se emociona e quer guardar num potinho. Nos convida à conexão profunda com sentimentos genuínos e à celebração do que nos humaniza, com boas doses de lirismo.
Inspirada na obra homônima, escrita em quadrinhos pela inglesa Alice Oseman de 27 anos, Heartstopper vai te fazer viajar no tempo dos primeiros amores e vai te lembrar o valor das amizades e daquilo que toda a forma de AMOR nos dá.
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oi querida!!! esse pé do ouvido foi todinho pra mim ;) beijos e saudades